Conjunto de lentes de teste oftalmológico em bandeja de madeira, com armação de teste para exames de visão.
On ne voit bien qu’avec le coeur. L’essentiel est invisible pour les yeux

So se vê bem com o coração. O essencial e invisível aos olhos
— Antoine de Saint-Exupery

Consulta Oftalmológica Geral

  • A refração ocular é o processo pelo qual a luz que entra no olho é desviada (ou "refratada") pelas estruturas ópticas — principalmente a córnea e o cristalino — para formar uma imagem nítida na retina. Quando esse processo não ocorre de forma ideal, surgem os chamados erros refrativos, como a miopia, a hipermetropia, o astigmatismo e a presbiopia.

    O exame de refração é uma etapa fundamental da consulta oftalmológica. Ele permite determinar se a visão está desfocada e qual é a correção óptica (óculos ou lentes de contacto) necessária para restabelecer a nitidez da imagem.

    O diagnóstico precoce e o acompanhamento regular são essenciais, especialmente em crianças em fase escolar e em adultos com alterações visuais.

  • A biomicroscopia ocular, também conhecida como exame com lâmpada de fenda, é um procedimento essencial na avaliação oftalmológica. Este exame permite a observação detalhada das estruturas do olho em alta ampliação, incluindo a pálpebra, córnea, conjuntiva, íris, cristalino e o segmento anterior do globo ocular.

    Durante o exame, o oftalmologista utiliza um aparelho chamado lâmpada de fenda, que projeta um feixe intenso e fino de luz, permitindo examinar o olho em cortes ópticos. A biomicroscopia é indolor e rápida, sendo crucial para o diagnóstico de diversas condições oculares como conjuntivites, úlcera de córnea, catarata, glaucoma, entre outras.

    É um exame fundamental tanto na consulta de rotina quanto no seguimento de doenças oftalmológicas.

  • A tonometria por aplanação é o exame utilizado para medir a pressão intraocular (PIO), sendo considerada o método padrão-ouro na avaliação do risco de glaucoma. O procedimento baseia-se no princípio de Imbert-Fick, segundo o qual a pressão no interior de uma esfera pode ser estimada pela força necessária para achatar (aplanar) uma pequena área de sua superfície.

    Durante o exame, o oftalmologista utiliza um tonómetro acoplado à lâmpada de fenda (geralmente o tonómetro de Goldmann). Após a instilação de um colírio anestésico e de fluoresceína, o aparelho entra em contato com a córnea e mede a pressão exercida.

    O exame é rápido, indolor e seguro, sendo fundamental na detecção precoce e no acompanhamento do glaucoma e de outras doenças que afetam a pressão ocular.

  • A fundoscopia, também conhecida como exame do fundo do olho ou oftalmoscopia, é um exame oftalmológico que permite a visualização direta das estruturas internas do globo ocular, especialmente a retina, o nervo óptico, a mácula e os vasos sanguíneos retinianos.

    Este exame pode ser realizado com ou sem dilatação da pupila, utilizando um oftalmoscópio direto ou indireto, e é essencial para o diagnóstico e monitorização de diversas doenças oculares e sistémicas, como a retinopatia diabética, degeneração macular relacionada à idade, glaucoma, hipertensão arterial, e edema de papila.

    A fundoscopia é rápida, indolor e constitui um instrumento valioso na prevenção da perda visual, permitindo detectar alterações ainda em fases iniciais, muitas vezes antes de surgirem sintomas.

Exames complementares de diagnóstico e seguimento

  • A autorrefractometria é um exame oftalmológico automatizado que avalia objetivamente o grau de refração ocular, ou seja, identifica se o paciente apresenta miopia, hipermetropia ou astigmatismo. É, por isso, uma ferramenta fundamental na determinação da necessidade de correção visual com óculos ou lentes de contacto.

    O exame é realizado por um aparelho chamado autorrefratómetro, que projeta um feixe de luz para dentro do olho e mede como essa luz é refletida pela retina. A análise é rápida, indolor e não invasiva, sendo especialmente útil como ponto de partida para a refração subjetiva feita pelo oftalmologista.

    Embora a autorrefractometria forneça resultados bastante fiáveis, principalmente em adultos, ela é habitualmente complementada por exames adicionais, sobretudo em crianças, idosos ou em casos de alterações oculares significativas, onde pode haver necessidade de uso de colírios cicloplégicos para resultados mais precisos.

  • A paquimetria é o exame que permite medir a espessura da córnea, a estrutura transparente que recobre a parte anterior do olho. Este parâmetro é essencial para o diagnóstico e seguimento de várias doenças oculares, sendo particularmente relevante na avaliação da pressão intraocular, na detecção precoce de ectasias corneanas como o queratocone, e na avaliação pré-operatória para cirurgia refractiva (como LASIK ou PRK).

    Existem diferentes métodos para realizar a paquimetria, nomeadamente a paquimetria ultrassónica, que utiliza ondas sonoras, e a paquimetria óptica, que recorre a tecnologias como a tomografia de coerência óptica (OCT) ou a tomografia de Scheimpflug (Pentacam).

    No contexto do glaucoma, por exemplo, a espessura da córnea pode influenciar significativamente a medição da pressão intraocular: uma córnea mais fina pode levar à subestimação da pressão, enquanto uma córnea mais espessa pode resultar em valores falsamente elevados. Por isso, a paquimetria é fundamental para uma interpretação mais fidedigna da tonometria e para uma abordagem terapêutica mais individualizada.

  • A tomografia corneana é um exame avançado que permite uma análise tridimensional da estrutura da córnea, incluindo a sua espessura, curvatura, elevação e regularidade tanto da superfície anterior como da posterior. É uma ferramenta essencial para o diagnóstico precoce de doenças ectásicas, como o queratocone, e para a avaliação pré-operatória em cirurgia refractiva (ex. LASIK, PRK, lentes fáquicas).

    Diferente da topografia corneana, que avalia apenas a superfície anterior da córnea, a tomografia fornece uma imagem mais completa, utilizando tecnologia como a tomografia de Scheimpflug (ex. Pentacam®) ou a tomografia de coerência óptica (OCT).

    Este exame é fundamental para:

    • Detectar alterações estruturais precoces da córnea, muitas vezes antes de sintomas clínicos;

    • Avaliar a simetria e o perfil corneano com elevada precisão;

    • Determinar a segurança de intervenções cirúrgicas;

    • Monitorizar a progressão de doenças como o queratocone;

    • Apoiar na personalização de lentes de contacto especiais.

    É um exame não invasivo, rápido e completamente indolor.

  • A biomicroscopia especular, ou microscopia especular da córnea, é um exame oftalmológico não invasivo que permite visualizar e avaliar, com grande detalhe, as células endoteliais da córnea — a camada mais interna da córnea, responsável por manter a sua transparência e equilíbrio hídrico.

    Este exame é realizado com um microscópio especular, que capta imagens em alta resolução das células do endotélio corneano, permitindo a contagem celular, bem como a análise da sua forma (pleomorfismo) e tamanho (polimegatismo). Estas informações são cruciais para:

    • Avaliar a saúde endotelial antes de cirurgias oculares (como cirurgia de catarata ou refractiva);

    • Diagnosticar e monitorizar doenças endoteliais, como a distrofia de Fuchs;

    • Avaliar casos de trauma ocular, inflamação intraocular ou uso prolongado de lentes de contacto;

    • Monitorizar pacientes após transplante de córnea (queratoplastia endotelial ou penetrante).

    A biomicroscopia especular é rápida, indolor e não requer contacto com o olho, sendo um exame de rotina importante em oftalmologia, especialmente em contextos cirúrgicos e de doenças corneanas.

  • A Tomografia de Coerência Óptica (OCT) da córnea e do ângulo irido-corneano é um exame de imagem de alta resolução, não invasivo, que permite a avaliação detalhada das estruturas do segmento anterior do olho. Utilizando tecnologia baseada em interferometria óptica, o OCT capta imagens em tempo real com qualidade quase histológica, permitindo a análise precisa da córnea, câmara anterior, íris e malha trabecular.

    Na avaliação da córnea, o OCT fornece dados sobre:

    • Espessura corneana em diferentes pontos;

    • Curvatura e perfil corneano;

    • Avaliação de cicatrizes, edema ou distrofias corneanas;

    • Acompanhamento de cirurgias refractivas ou transplantes.

    Na avaliação do ângulo irido-corneano, o OCT é fundamental no:

    • Diagnóstico de glaucoma de ângulo estreito ou fechado;

    • Estudo anatómico pré e pós-cirurgia de glaucoma (ex. iridotomia, MIGS);

    • Avaliação de anormalidades congénitas ou adquiridas do segmento anterior.

    Este exame é rápido, indolor e não requer contacto com o olho. A sua elevada precisão é particularmente útil em casos onde a gonioscopia (exame do ângulo com lente de contacto) não é possível ou é inconclusiva.

  • A Tomografia de Coerência Óptica (OCT) do disco óptico e da retina é um exame de imagem de alta resolução, não invasivo e indolor, que permite a visualização em corte transversal das diferentes camadas da retina e da cabeça do nervo óptico. Utiliza tecnologia baseada em interferometria de baixa coerência, semelhante à ecografia, mas recorrendo à luz em vez de som, proporcionando imagens com resolução quase microscópica.

    Este exame é essencial para o diagnóstico precoce, monitorização e avaliação da resposta ao tratamento em várias patologias oftalmológicas, nomeadamente:

    • Degenerescência macular relacionada com a idade (DMRI);

    • Edema macular diabético e retinopatia diabética;

    • Buraco macular e membrana epirretiniana;

    • Descolamento de retina;

    • Glaucoma, através da análise da camada de fibras nervosas da retina (RNFL) e da escavação do disco óptico.

    O OCT permite uma quantificação objetiva da espessura da retina e da escavação do nervo óptico, sendo uma ferramenta indispensável para decisões terapêuticas e cirúrgicas, com aplicação tanto em prática clínica como em seguimento longitudinal.

  • A ecografia ocular (ou ultrassonografia ocular) é um exame de imagem que utiliza ondas ultrassónicas de alta frequência para obter imagens detalhadas do globo ocular e das estruturas orbitárias, mesmo quando estas não são visíveis por exame directo — como em casos de opacidades do meio ocular (ex.: catarata densa, hemorragia vítrea).

    Existem dois modos principais:

    • Modo A (Amplitude): usado para medições axiais do olho, como o comprimento axial — útil na biometria ocular e planeamento de cirurgia de catarata.

    • Modo B (Brilho): fornece uma imagem bidimensional do olho e da órbita, sendo o mais utilizado na prática clínica.

    A ecografia ocular é fundamental para:

    • Avaliação do segmento posterior em olhos com opacidade dos meios ópticos;

    • Diagnóstico de descolamento da retina, descolamento de vítreo posterior e hemorragia vítrea;

    • Identificação de tumores intraoculares (ex.: melanoma da coroide);

    • Detecção de corpos estranhos intraoculares;

    • Estudo de inflamações, infecções e traumatismos oculares;

    • Avaliação da anatomia ocular em contextos cirúrgicos.

    É um exame rápido, seguro, indolor e de grande utilidade, especialmente em situações em que os métodos ópticos convencionais são limitados.